01/03/2011

Neste momento meu blog não poderia ter nome mais adequado ao que eu quero focar.
Soube da notícia com dias de atraso, fui lendo e me interando do ocorrido, cada texto, cada vídeo, cada alusão me deixava entre perplexa, chocada e revoltada. Não estou com esses sentimentos como exclusivos ao motorista do Golf Preto. Aplica-se também aos comentários que tenho lido.
Farei das palavras de Renata Falzoni, as minhas:
"Mandei um twitter sobre essa barbárie e o comentário de um seguidor diz o seguinte:
“belo dia estava atrasado para um compromisso, ciclistas fecharam a rua num protesto. vc acha certo isso? é barbaro porém explicavel”

Sim de fato para tudo há uma explicação. Bin Laden e Hitler são "explicáveis" e nesse caso a "explicação" é simples:

No Brasil impera a lei do mais forte. Alguns cidadãos motoristas comportam-se como donos e justiceiros das ruas. Pedestres e ciclistas estão condenados a morte por “atrapalharem” o trânsito e não raro levam a culpa pelo seu infortúneo, como fica claro na declaração do Delegado Gilberto de Almeida que já se esmera em colocar a culpa pelo ocorrido nos ciclistas.

Se a rua estivesse bloqueada por 150 carros congestionados, jamais passaria pela cabeça desse motorista ultrapassar por cima de seus iguais, pois carros congestionando o trânsito e imobilizando as ruas é o “normal”.

Quando 150 ciclistas movem-se por uma rua que não estava bloqueada e sim usada por ciclistas naquele trecho e momento, é “explicável” ele se irritar e deliberadamente passar por cima dos ciclistas com o intuito único de assassiná-las?

Explicável sim, mas não justificável. É crime, é tentativa de assassinato. As cenas são claras. O motorista mesmo tendo três ciclistas em cima do capô de seu carro continua a atropelar as pessoas e foge. Isso não é um acidente, é tentativa de assassinato onde a arma usada é o próprio carro.

Agressividades como essa nós pedestres e ciclistas testemunhamos todos os dias nas ruas desse país, e denunciar essa situação era justamente o motivo de naquele momento haver tantos ciclistas nas ruas. Era o dia da Massa Crítica, o dia em que ciclistas de todo o mundo saem às ruas para chamar atenção a essa inversão de valores que vivemos."

Essa matéria foi muito bem escrita e assemelha-se ao que sinto neste momento.

Ainda não compreendo o que levou esse ser de 47 anos a tomar essa atitude de extermínio. Ele tentou Executar 150 ciclistas, que segundo ele, tentaram agredí-lo (o que não consiste com os relatos de testemunhas). Eu não estava no local, não presenciei, mas faremos da forma que a justiça deveria fazer.

Deixando de lado a empatia, vamos ver os fatos:
Um passeio que ocorre toda última sexta-feira do mês, 150 ciclistas na via urbana. Atrás destes veículos querendo seguir o seu rumo. Trânsito lento. Buzinas e gritos pedindo passagem. Sem espaço para um carro passar. Um veículo toca nas rodas dos últimos ciclistas exigindo passagem. Não obteve sucesso. O mesmo então resolve tomar espaço, deixando os ciclistas irem um pouco mais para a frente. Acelera seu veículo e vai de encontro aos ciclistas. Três pessoas sobre seu capô. Parou? Não! Acelera novamente e segue fazendo um strike humano. Mais adiante deixa o seu veículo. Retornou para prestar socorro? Não, apenas livrou-se do Flagrante.
Um garoto de 15 anos estava no carona. Crianças estavam na via pública andando de bicicleta ao lado de seus pais. Pedestres estavam acompanhando o movimento que busca integração e respeito ao ciclista no trânsito de Porto Alegre. Traumas foram criados naquele momento. O responsável? Um bancário de 47 anos. Pessoa instruída, com posses, sem um mínimo de noção do que é cidadania.

Espero e torço para não sofrer mais uma decepção, espero que não caia no esquecimento das pessoas, assim como o caso de tantos "Pedrinhos" que ocorrem no nosso país, espero que apenas o socorro tenha sido omisso e não o sistema judiciário!



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