27/09/2011

Tenho em mim todos os sonhos do mundo!

Tem coisas que são além de inexplicáveis. Tem pessoas que acreditam em reencarnação e tem quem acredite que após o último fechar de nossas pupilas, nada mais seremos além de adubo. Carne que se vai, pele que tanto cuidamos sendo absorvida pelo solo e pelas larvas que vão lentamente nos degustando... tudo o que levamos conosco é o que cabe naquela caixa apertada e cheirando a flores velhas, tudo o que temos é o que nos colocaram o que outros acharam ser necessário para aquele momento...
O que fica? Não levamos muita coisa, levamos nossas lembranças, enterramos conosco nossas memórias, nossos sonhos, nossas vontades e nossos medos... ficam para traz os que amamos, os que fugimos por medo de não ser feliz, os que não tivemos coragem para dizer o quanto os queremos em nossas vidas... ficam para traz os amigos que ainda nos restam depois de tanta correria que a vida tem, depois de tantos jantares desmarcados, tantas idas ao cinema canceladas... 
Nossas memórias vão conosco, mas ainda estamos ali na mente dos nossos queridos, na memória fresca daqueles que foram depositar uma última flor, uma última lembrança de sua existência... a última tentativa de se fazerem notar em nossas vidas... estão todos conversando, segurando o riso das buscas por memórias singulares... todos no mesmo consenso: "Era uma pessoa cheia de vida!". Todos somos, até aquele momento... 
Somos tão cheio de vida que nem temos tempo para viver. Estamos sempre cansados, buscando motivos parta nosso recluso, estamos estressados, adiamos a cervejada do final de semana, saímos correndo quando o chefe liga, mas não corremos com a mesma vontade, com a mesma pressa quando os que nos amam nos buscam, nos querem...
As lágrimas caem, é inevitável. Houvi certa vez que as pessoas não choram pela ausência do outro e sim pelo medo da chegada de sua hora, pelo medo de não estar sabendo aproveitar a sua vida... achei graça, mas não discordei...
Eu choro, seja em nascimento, em casamento, em partidas com ou sem despedidas, choro pelo espaço vazio que ficará. Sei que tudo é mutável, mas como ficar sem aquela pessoa... choro em casamento pela falta de tempo que terão de agora em diante para os amigos, choro em nascimentos, por saber que a partir dali, a partir daquele momento tudo mudará e as prioridades não mais serão o churrasco... choro quando alguém bem próximo muda de cidade, choro feito criança... soluço e peço colo. Choro quando sou magoada, choro quando causo mágoas... choro... deixo as lágrimas lavarem o meu corpo, deixo que tudo o que sinto saia de dentro de mim... depois dou um sorriso, passo um batom, arrumo o cabelo. Me olho demoradamente no espelho e penso: "Ainda não estou em uma caixa, ainda posso seguir em busca de meus sonhos, ainda posso me permitir almejar o inalcançável!". Ligo para algum amigo, busco um que esteja livre e vou para a rua dar risada das tragédias que a vida nos presenteia. Acho graça de tudo o que é complicado, de todas as pessoas amargas, de todas as desculpas esfarrapadas que dei e que recebi, acho graça do que me fez chorar e assim vu ganhando energia e força para seguir um dia de cada vez, no espaço, no meu tempo... no meu mundo!

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